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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O CORAÇÃO DO PASTOR






Aos pastores com carinho!


“Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas de meu pasto!”, diz o Senhor. Portanto, assim diz o Senhor, Deus de Israel, aos pastores que tomam conta de meu povo: “Foram vocês que dispersaram e expulsaram o meu rebanho, e não cuidaram dele. Mas eu vou castigar vocês pelos seus maus procedimentos”, declara o Senhor. “Eu mesmo reunirei os remanescentes do meu rebanho de todas as terras para onde os expulsei e os trarei de volta à sua pastagem, a fim de que cresçam e se multipliquem. Estabelecerei sobre eles pastores que cuidaram deles. E eles não mais terão medo ou pavor, e nenhum deles faltará”, declara o Senhor. Jr 23. 1-4

Podemos dizer que esta profecia, em sua plenitude, faz abordagem ao ministério pastoral (e aqui não estaremos discutindo sobre gênero). A mensagem plena do texto é clara: Por meio de Cristo, Deus está resgatando um povo, antes distante por causa do pecado; está lhes garantindo alimento, crescimento e bons pastores, que cuidaram bem dele ao contrário de outros, que destroem, dispersam, expulsam e não cuidam das ovelhas.



Se juntássemos o maior número de pastores possíveis, de várias denominações e perguntássemos: Vocês fazem parte dos pastores que destroem ou dos que cuidam das ovelhas? Tenho certeza que a resposta unânime seria: - fazemos parte dos que cuidam, ora bolas. Infelizmente, os do tempo de Jeremias também dariam a mesma resposta. Entretanto, não queremos com isso generalizar, queremos apenas dizer o óbvio: Enganoso é o coração humano, a beleza de um coração pastoral vai além das meras afirmações!

 

Não pretendo ater-me a figura do ministro, que deliberadamente é mal-intencionado. Até mesmo porque desses, segundo o texto que citamos, o Senhor cuidará pessoalmente ... Mas eu vou castigar vocês pelos seus maus procedimentos”

 

Porém, quanto aos que estão dispostos a atender ao chamado, a estes, gostaria de trazer a lume e comentar sobre algumas áreas, onde o ministro poderá ver desvirtuado o seu caminho. O que fatalmente o distanciará de um verdadeiro coração pastoral:

 

1- Área vocacional:



Vivemos em uma igreja onde o ministério pastoral é confundido com vários outros ministérios, onde apenas o título pastoral é valorizado e conseqüentemente procurado. O pastor Ariovaldo Ramos diz que um dos problemas da igreja brasileira hoje, é que ela, em sua grande maioria, está sendo pastoreada por evangelistas e outros tipos de líderes, mas não por pastores.



Líderes que na maioria das vezes estão bem-intencionados. Entretanto, não possuem características de cuidado, que são inerentes ao pastor. Ou seja, isso vem muitas vezes a acarretar problemas ainda maiores. Porque sem o senso apurado de cuidado com o rebanho e sob o afã de encherem suas igrejas, tais líderes são facilmente envolvidos por programas e técnicas de mercado que coisificam o indivíduo como o produto final de uma linha de montagem. E por serem mais afeitos aos números, se auto-avaliam pela quantidade e não pela qualidade. Com certeza os que agem dessa maneira, apesar de todo êxito numérico, estariam também na lista negra da profecia de Jeremias. Pois quando Paulo fala a Timóteo sobre as virtudes essências ao bispo, ele não expõe qualidades impessoais como as que seriam comuns a um gestor executivo de mercado, mas sim virtudes nada atraentes para os que esperam um rápido retorno numérico: Que o bispo seja irrepreensível, moderado, sensato, respeitável, hospitaleiro, amável pacífico, não apegado ao dinheiro. Alguém com esse perfil não poderia jamais gerir uma grande multinacional, e muito menos muitas igrejas que vemos por aí. Aquele que tem convicção vocacional sobre o pastorado jamais se deixará levar pela motivações mercadológicas sempre presentes no mundo. Assumir um papel pastoral não o sendo, transformará nossas boas intenções em desculpas “santas” para destruir, dispersar e expulsar as ovelhas para a direção da perversidade da teologia liberal que ao invés de tentar alterar a realidade presente para que se adapte a ideal ( reino de Deus), faz o contrário tenta adaptar a ideal (realidade do reino) à realidade presente, porque é mais fácil.

 

2- Área intelectual:



Neste ponto não pretendo falar muito. Pois a humildade e a submissão às escrituras precisam estar sempre presente. G. K. Chesterton importante filósofo cristão do começo do século XX combatendo a teologia liberal faz uma analogia que diz tudo: “A única coisa criada para a qual não podemos olhar é a única coisa em cuja à luz olhamos para tudo.” “o intelectualismo independente é só brilho de lua; pois é luz sem calor, e é luz secundária, refletida por um mundo morto.” ... "Pois a lua é absolutamente razoável; e a lua é a mãe dos lunáticos; ela deu a todos eles o seu nome."



Tratando até o momento da área devocional e intelectual, nos reportamos ao indivíduo, ao “chamado”, que sob a orientação correta e constante poderá seguir o seu caminho sem maiores problemas.

 

Entretanto, o maior desafio na busca da integridade de um coração pastoral, encontra-se na realidade com a qual lidamos no mundo. Vamos tratar da área contextual.



3- Área contextual:



Ronaldo Lidório em seu livro Liderança e Integridade, nos diz que: os maiores erros não resultam de ações, mas de reações. E basicamente em 3 circunstâncias: diante do pecado, do sofrimento ou das críticas. Esses 3 vetores provocam reações que tendem colocar em xeque a nossa integridade. Pois as ações demonstram planejamento, as reações demonstram valores.



Como cristãos dedicados a uma vida religiosa, estamos preparados para agir da maneira correta, mas isso é insuficiente quando nos defrontamos com as atitudes incorretas do mundo.



Lidório ainda diz que existem duas verdades âncoras para buscarmos um coração íntegro mesmo perante a inconsistência da vida: “A certeza de que o Senhor está no controle do Universo incerto no qual vivemos e a convicção de que ele nos ama.”



De fato reações não podem ser ensaiadas, pois lidam com o imprevisto, com o que não é razoável ou mensurável, muitas vezes até mesmo com o que é injusto. As reações são reflexos instantâneos daquilo que somos feitos, sem retoques ou máscaras diante de um mundo carente de virtudes onde devemos ser instrumentos consagrados.

 

Neste momento, se fizéssemos outra pergunta: - Você tem a certeza de que o Senhor está no controle do Universo incerto no qual vivemos e tem a convicção de que ele o ama?



Todos responderiam: é claro que tenho! Porém, em uma situação de vida onde você necessitasse viver essa verdade, a confirmação não viria de seus lábios, mas sim da sua reação diante do fato.

 

Tom Sine no livro O Lado Oculto da Globalização nos diz que: “à medida que os valores da modernidade forem se tornando globais, nós cristãos de toda parte – e especialmente os nossos jovens – iremos cada vez mais nos envolver numa disputa em que teremos de que escolher entre as aspirações e os valores do Reino e os do mundo.”

 

Também diz: “Infelizmente, muitos evangélicos das igrejas de hoje, por não refletirem sobre a real essência do cristianismo foram forçados a desempenhar o papel de imitadores e adaptadores culturais, em vez de precursores. Em termos bíblicos, é como ser seculares e conformistas, e não decisivamente cristãos.”



Além do cuidado com a própria integridade, essa é a realidade geral das ovelhas que o pastor precisa cuidar.



O hedonismo, o relativismo, o materialismo são realidades presentes não apenas no mundo, mas também nos templos evangélicos. Onde as ações dizem uma coisa, mas as reações comprovam outras.

 

Como alguém já disse: ninguém duvida de que o homem comum possa avançar neste mundo; mas nós não buscamos a força para avançar nele, mas sim para fazê-lo avançar.

 

Creio que quando Jesus ensina o andar mais uma milha, o dar a outra face, Ele está ensinando não apenas o caminho do crescimento aos seus discípulos, mas também ao mundo através do exemplo de alguns especialmente capacitados para tal.

 

Chesterton diz: Que o coração deve estar preso à coisa certa; a partir do momento que temos o coração preso temos liberdade para as mãos.

 

O coração do pastor precisa ser um coração que confia na soberania e no amor do Senhor para que ele faça aquilo que ninguém mais em sã consciência se prontificaria a fazer: cuidar de vidas com total empenho e amor ao ponto que elas sejam capazes de dizer ao mundo: “os homens podem ter vivido sob opressão desde que os peixes vivem nas águas, mesmo assim, eles não deveriam ter passado por isso se a opressão é pecaminosa. (Chesterton)”



No texto bíblico que lemos Jeremias termina dizendo:



...E eles não mais terão medo ou pavor, e nenhum deles faltará”, declara o Senhor.



Quem são eles? Quem são esses destemidos que estão prestes a abalar o mundo?



São os que estão à espera para serem apascentados por servos com certeza vocacional, que não se envaidecem pelo conhecimento, que sabem lidar com a realidade presente sem deturparem a Palavra ou fazerem concessões pecaminosas, e sobretudo, possuem um coração igual ao de seu Mestre Jesus.

3 comentários:

  1. Que a cada dia, Deus continue te inspirando e derramando uma unção poderosíssima cobre sua vida!!! Te Amo!!! Ana Cristina ♥

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  2. Prezado Pastor Jorge,
    Primeiramente, é um prazer conhecê-lo.
    Bom texto.
    Vamos continuar trocando figurinhas.
    Grande abraço,
    Pr. Antonio

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