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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

APRISIONADOS E CONDUZIDOS.



Um dia desses ouvi um Senhor falando a seguinte frase: “Hoje em dia, temos muitos problemas, mas em compensação não somos mais prisioneiros de uma sociedade de valores morais hipócritas e nem de dogmas religiosos. Hoje cada um conduz a sua vida como bem quiser sem medo de preconceitos e prejulgamentos.”



Como cristão os primeiros pensamentos que eu teria diante de tal palavra, seriam pautados naqueles textos bíblicos que dizem que o homem sem Cristo embora livre é escravo do pecado, que os ímpios são como palhas levados ao sabor do vento e etc. Não estaria errado. Mas na hora me lembrei das palavras de um cristão muito mais experiente e producente do que eu, o apóstolo Paulo:



Mas graças a Deus, que sempre nos conduz vitoriosamente em Cristo e por nosso intermédio exala em todo lugar a fragrância do seu conhecimento. 2 Cor 2.14

 

Às vezes, no afã de exaltar a liberdade em Cristo em detrimento da prisão do pecado, enfatizamos a liberdade de tal maneira, que a impressão que se dá, é que somos seres angelicais soltinhos por aí, autônomos e prontos para o céu. Nós nunca paramos para pensar, que as críticas a religião e a moral cristã não atuavam sobre uma realidade de evangelho diferente do plano original, mas sim sobre uma representação grotesca do mesmo. Houve excessos, faltou reflexão, contextualização, compaixão. Mas com uma boa restauração, retirando a poeira, as camadas de tintas intrusas, podemos ver perfeitamente os traços originais e imutáveis da bela obra do Senhor.

 

Por isso, pensando nessas coisas lembrei-me da fala de Paulo, uma palavra que fala muito nas entrelinhas, nos revelando a beleza da vida cristã sem a necessidade de eufemismos gramaticais e sem adaptações, que diferentemente dos excessos de outrora – que embaçavam o quadro da vida cristã - acabam por criar novas versões piratas e baratas do viver evangélico.

 

Foi através de uma ilustração inspirada nas celebrações romanas, que marcavam a entrada na cidade do exército vitorioso em batalha com o seu general à frente, que Paulo ilustrou os cristãos como os prisioneiros levados pelo general, juntamente com os despojos da guerra.

 

Somos prisioneiros de Cristo e estamos sob suas ordens e cuidados. Cristo é o grande general, que venceu e nos fez prisioneiros para si. Quem vai mexer com aqueles que estão sob os cuidados do General dos Exércitos? Ou, quem vai temer o mal estando sob os seus cuidados? Ele nos conduz vitoriosamente.

 

Muitos não gostam da condição de serem conduzidos. Entretanto, somos conduzidos desde que nascemos até o momento da morte. Começamos com condução física, emocional e cognitiva dos pais; passamos mais tarde a sermos conduzidos pelos valores (espirituais, morais, profissionais e etc.) construídos com o tempo de vida; para depois sermos conduzidos de novo apenas fisicamente em direção ao túmulo. Liberdade com plena isenção, ser senhor da própria história? Acredite se quiser.

 

Os que são conduzidos pelas paixões mundanas,  como diz o Salmo 1, são como palhas ao vento, levados para um lado e para o outro. Cheios de ansiedade, medos e insegurança. Mas, e os que são conduzidos por Cristo? Em Cristo somos mais do que vencedores.

 

Na ilustração colocada pelo apóstolo, a cidade recebia a entrada do general vencedor com um desfile festivo, aplausos e queima de especiarias que deixavam o ar carregado com um doce perfume muito agradável. A fragrância representava o produto de nosso conhecimento de Cristo vivido na prática. O prazer de ser Cristão, de ser servo de Deus. Algo que contagia a todos.

 

Reconheço que na vida cristã as distâncias da letra em relação à prática trouxeram embrutecimento à condição de escravos e prisioneiros conduzidos pelo Senhor, sobre a qual Paulo compara os cristãos. Porém, fazendo uso do que ele disse inspirado pelo Espírito Santo, creio que a solução não é a aversão ao comprometimento e nem a criação pirateada de um novo evangelho de facilidades, mas sim, uma aproximação maior. Ser prisioneiro de Cristo e ser conduzido por Ele é algo que precisa ser contemplado de perto.

 

Na celebração de conquista, há um general vencedor (Jesus) e prisioneiros (cristãos) capturados. Olhando de longe ou a meia distância, só vemos a festa, os capturados e a figura imponente do General. Porém, ao nos aproximarmos mais, veremos prisões sem correntes e mãos sem algemas. Chegando um pouco mais perto começaremos a enxergar prisioneiros sem lágrimas, sem tristeza, com sorrisos nos lábios, alegres participantes da festa e sem nenhuma vontade de fugir.

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