Total de visualizações de página

sábado, 27 de fevereiro de 2010

A Aflição Dos Que Esperam Pelo Que Deus Não Prometeu





“Maior vilão por trás das doenças que mais matam no mundo, o estresse atinge cerca de 60% da população mundial de forma continuada. É exatamente aí que está o problema. Quando as pessoas recebem os estímulos que provocam o estresse muitas vezes ao dia, o organismo não consegue eliminar seus efeitos no corpo. E então começa o caos... as regras de conduta na sociedade limitam nossas manifestações de agressividade, mas não ensinam o que fazer com o que foi reprimido.”



“Nos últimos anos estudos conduzidos na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil mostraram que o estresse por períodos prolongados favorece o surgimento de diabetes, doenças cardiovasculares, ansiedade, depressão, impotência, infertilidade e até mesmo algumas formas de câncer. Agora uma pesquisa conduzida por equipes de duas universidades paulistas – a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) – revela outro possível efeito devastador do estresse. Essa reação natural do organismo que facilita a adaptação a situações novas ou ameaçadoras também potencializa processos inflamatórios que podem culminar na morte de células nervosas (neurônios) em duas regiões específicas do cérebro: o hipocampo, associado à formação da memória, e o córtex frontal, responsável pelo raciocínio complexo.O estresse, em si, é um mecanismo natural de adaptação, não uma doença”. “O problema surge quando se perde o controle sobre o nível de estresse.”



O texto acima é fruto de pesquisa de algumas matérias em várias revistas que tratam do assunto estresse e depressão.

Já, havia algum tempo, que eu vinha pensando em postar alguns textos falando sobre o grande crescimento do consumo de crack e outras mazelas sociais. Mas, penso, que tratar sobre o que vou tratar agora, representa vislumbrar o cenário do mundo antes mesmo da chegada dos protagonistas de tais mazelas. Afinal, o que leva os homens a tais caminhos?



Conforme é provado pela ciência, os males psíquicos emocionais, tais com estresse, ansiedade, depressão, estão entre os grandes propulsores de males que se multiplicam de forma multifacetada e que agridem o indivíduo e a sociedade de maneiras arrasadoras. Nunca antes, tantos problemas na saúde pública foram associados a patologias psicossomáticas, (Doenças psicossomáticas são todos os processos orgânicos patológicos de origem psicológica, causados por estresse, ansiedade, depressão etc.), até o câncer faz parte dessa lista. Tais diagnósticos não devem ser associados apenas a evolução da pesquisa científica, porque os seus sintomas crescem a cada dia e estão associados sim, a questões da contemporaneidade, tais como valores hedonistas, consumismo, imediatismo, entre outros.



Particularmente, eu ouso esboçar uma tese em relação a isso. Há algum tempo atrás, li um interessante artigo de um teólogo sul-americano que dizia que vivemos hoje o fim da cristandade – entenda cristandade como uma forma de denominar uma sociedade cristã, onde independente do testemunho individual existam valores, pudores, moral, inspirados pelo cristianismo, que influenciam as pessoas mesmo que inconscientemente. Na verdade, até os valores éticos e morais dos mais céticos traziam o verniz da cristandade.



Pois bem, isso representa uma mudança de quadro tremenda, principalmente para o ocidente. Hoje em dia, o capitalismo está mais selvagem do que nunca, a chamada “liberdade sexual” está a pleno vapor – ninguém mais tem vergonha de sair do armário. No ambiente onde tudo é relativo, nada é absoluto, onde o que vale é a minha lei, percebe-se que conceituar valores morais é éticos além de desafiador, tornou-se, sob esse prisma, totalmente desnecessário.



Esse é o mundo presente em que vivemos e sob este contexto, ideologicamente falando, os homens estão soltos para provarem o que quiserem, mas sob a ótica teológica bíblica, eles estão despencando de um abismo sem terem em o que segurar, estão em um trem desgovernado prestes a se chocar, e embora humanamente não percebam, suas almas clamam por socorro urgente. Eis aí, o motivo de tanta ansiedade de tanto estresse, de tanta depressão e de tantas doenças psicossomáticas. Eis aí, a razão de tanta entrega a prazeres baratos, de tanto fundo de poço raso, de tanta miséria humana. Não há nada firme em que se possa apoiar, não há nada sólido em que se possa pisar.



Pensar sobre isso, me entristece muito, não só porque Jesus já pagou o preço para que tudo fosse diferente, mas também, porque como Igreja (sem generalizar), pesa sobre nós a responsabilidade de não termos ensinado a sociedade a comer o peixe, ela se assustou com as espinhas, e então, está jogando todo o peixe fora.

As espinhas eram as intolerâncias, a falta de diálogo, o triunfalismo, os preconceitos culturais, a omissão diante dos descalabros políticos e sociais, a frouxidão doutrinária... (sobre os “espinhos”, darei exemplos práticos e detalhados se for questionado, ou então pesquise e me cite exemplos). O problema não são os espinhos, mas sim o não saber lidar com eles, pois estes não devem nem ser ao menos comparados a fartura do peixe.



Mas, por que alguns na Igreja pecaram e tem pecado quanto a essa missão? Porque, também estão caindo de um abismo, os caçadores da prosperidade material estão no mesmo abismo mundano. Porém, muitos crentes verdadeiros estão em uma espécie de abismo virtual, a Rocha está sob seus pés, mas suas cabeças estão voltadas para o próprio umbigo, não conseguem ver as riquezas espirituais a eles reservadas e se confundem com a multidão dos desesperados.

Dessa maneira, não podem anunciar o que Deus prometeu aos que crêem, porque estão aflitos esperando por aquilo, que Deus não prometeu.



Estes irmãos estão tão ansiosos quanto; tão estressados quanto; tão deprimidos quanto! Em Cristo nós só deveríamos ter a parte boa do estresse, aquilo que nos põe em alerta, a postos! Mas, na igreja, ainda há gente morrendo de aflições. Por que? Porque esperam por coisas que Deus não prometeu!

Seguem o exemplo e os conselhos do mundo; são nostálgicos (sempre acham que ontem era mais fácil); e principalmente, banalizam a Palavra, porque quando a lêem, não a aplicam na prática.

Deus não prometeu a ninguém saúde perfeita, conta bancária gorda, carro do ano. No entanto, diante dos nossos maiores temores e preocupações no mundo, Ele diz: Eu venci o mundo.



Jesus certa vez disse aos seus discípulos: Neste mundo vocês terão aflições; contudo tenham ânimo! Eu venci o mundo”, (João16.33). Embora, falasse com os discípulos, tanto eles como os incrédulos sabem, que o mundo é um lugar de aflições. O detalhe, que traz toda a diferença, é, que os que seguem a Jesus entendem bem (ou deveriam entender) o final da frase: ...Eu venci o mundo.




segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A Palavra



Aquele que é a Palavra tornou-se carne é viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade. João 1.14


A Palavra de Deus já estava entre os homens antes de Jesus coabitar entre nós; a Palavra de Deus já existia antes do Senhor deixar a sua glória para assumir a condição humana.

 

A Palavra sempre foi bela, reveladora, transformadora... Mas os homens não tomavam posse de tamanha riqueza. Eles tiravam proveito de sua autoridade para validarem suas ações em causa própria. Tal atitude retirava a beleza da Palavra e ela se tornava letra fria, como um punhal, instrumento de morte.

Mas, não foi sempre assim, no começo de tudo a Palavra saída da boca do Senhor transformou o caos em harmonia e da esterilidade logo a vida surgiu. Nesse momento, o Senhor já nos ensinava o poder criador da Palavra viva.

Não imitamos o seu exemplo, por isso ao seu tempo Ele de novo interveio, surgindo entre nós como um rebento esplendoroso. Até então, a Palavra estava como semente sem chão à fecundar. As pessoas queriam enxergá-la, mas o grão de mostarda não tinha onde brotar. Vidas secas, sem graça tornavam o grão embotado.

Porém, antes da esperança ir embora, o Senhor deixou a sua glória e veio ser a Palavra em perfeita simbiose com a frágil figura humana. 

Olhamos para Ele e vimos algo diferente. Bem que tentamos nos deter à realidade aparente: - Vestes comuns, pés empoeirados como os da gente? Mas, a sua verdade se mostrou incomparável, seu amor e sua justiça inigualáveis, sua graça irresistível. Não vimos apenas fama, vimos a sua glória e reconhecemos nela, a glória do unigênito do Pai.

O que antes se escrevia em pedras foi inscrito em corações de carne, a fim de que a Palavra continue viva e reveladora da glória sem par.

 A Palavra nos nos trouxe vida. Que não sejamos hoje, reeditores da história que revela a letra fria; que não sejamos censurados por não mostrarmos a um mundo que sofre, a Palavra viva e eficaz, que habita na glória e, também, no coração daquele que nela se satisfaz.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Menos suicidas e mais mártires.




Considerações de G. K. Chesterton:

O suicídio não constitui um pecado, ele é o pecado. É o mal extremo e absoluto; a recusa de interessar-se pela  a existência... Um homem que se mata, mata todos os homens; no que lhe diz respeito, ele elimina o mundo.

Um mártir  é um homem que se preocupa tanto com alguma coisa fora dele que se esquece da sua vida pessoal. Um suicida é um homem que se preocupa tão pouco com tudo o que está fora dele que quer ver o fim de tudo; um quer que alguma coisa comece, o outro que tudo acabe... O mártir é nobre exatamente porque ele confessa esse supremo laço com a vida... o suicida é ignóbil porque não tem esse vínculo com a existência. Ele é meramente um destruidor.

O Cristianismo mostrara rigor incomum para com o suicida. Pois o cristianismo mostrara um ardente incentivo ao martírio.

Estou de acordo com as considerações de Chesterton (autor do livro: Ortodoxia), o que dispensa comentários. Mas, tais palavras acendem um grande sinal de alerta se considerarmos que estamos cercados por uma sociedade composta de muitos suicidas, verdadeiras bombas-relógio prestes a explodir e a levarem consigo o maior número de pessoas que puderem. Pessoas que não estão nem aí para os outros,  estão nas tv´s, na mídia em geral, na política e até mesmo nas igrejas. Pessoas que tecem belos discursos sob contextos mal interpretados; que não discernem o que se ambienta em nosso solo global; pessoas sem pespectivas do reino; formatadas ao caos.

Nas políticas públicas distribuem preservativos incentivando assim,  o sexo fora de hora como forma de combater doenças e gestações precoces.
Na mídia de horário nobre diante de crianças inocentes e pais incautos, chamam prostitutas e garotos de programa de luxo, de heróis sob a desculpa de trazerem diversão ao povo.
Nas igrejas incentivam o "buscar o melhor dessa terra", quando o melhor dessa terra são os que fazem parte do corpo de Cristo, que precisam se auto-conhecerem como também já são conhecidos por Cristo, ao invés disso são motivados a olharem para o brilho abaixo do céu.

São todos uns suicidas homeopáticos, que morrem e matam um pouco a cada dia. São pessoas infelizes, afundadas nas próprias cobiças, que odeiam a vida porque nada aqui lhes sacia a sede, e são orgulhosos demais para tentar um outro caminho. Realmente lhes falta a dignidade, lhes falta luz.

Graças a Deus pelos mártires, que também existem em abundância. Pessoas que a cada dia se entregam mais e mais à manutenção da vida.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

APRISIONADOS E CONDUZIDOS.



Um dia desses ouvi um Senhor falando a seguinte frase: “Hoje em dia, temos muitos problemas, mas em compensação não somos mais prisioneiros de uma sociedade de valores morais hipócritas e nem de dogmas religiosos. Hoje cada um conduz a sua vida como bem quiser sem medo de preconceitos e prejulgamentos.”



Como cristão os primeiros pensamentos que eu teria diante de tal palavra, seriam pautados naqueles textos bíblicos que dizem que o homem sem Cristo embora livre é escravo do pecado, que os ímpios são como palhas levados ao sabor do vento e etc. Não estaria errado. Mas na hora me lembrei das palavras de um cristão muito mais experiente e producente do que eu, o apóstolo Paulo:



Mas graças a Deus, que sempre nos conduz vitoriosamente em Cristo e por nosso intermédio exala em todo lugar a fragrância do seu conhecimento. 2 Cor 2.14

 

Às vezes, no afã de exaltar a liberdade em Cristo em detrimento da prisão do pecado, enfatizamos a liberdade de tal maneira, que a impressão que se dá, é que somos seres angelicais soltinhos por aí, autônomos e prontos para o céu. Nós nunca paramos para pensar, que as críticas a religião e a moral cristã não atuavam sobre uma realidade de evangelho diferente do plano original, mas sim sobre uma representação grotesca do mesmo. Houve excessos, faltou reflexão, contextualização, compaixão. Mas com uma boa restauração, retirando a poeira, as camadas de tintas intrusas, podemos ver perfeitamente os traços originais e imutáveis da bela obra do Senhor.

 

Por isso, pensando nessas coisas lembrei-me da fala de Paulo, uma palavra que fala muito nas entrelinhas, nos revelando a beleza da vida cristã sem a necessidade de eufemismos gramaticais e sem adaptações, que diferentemente dos excessos de outrora – que embaçavam o quadro da vida cristã - acabam por criar novas versões piratas e baratas do viver evangélico.

 

Foi através de uma ilustração inspirada nas celebrações romanas, que marcavam a entrada na cidade do exército vitorioso em batalha com o seu general à frente, que Paulo ilustrou os cristãos como os prisioneiros levados pelo general, juntamente com os despojos da guerra.

 

Somos prisioneiros de Cristo e estamos sob suas ordens e cuidados. Cristo é o grande general, que venceu e nos fez prisioneiros para si. Quem vai mexer com aqueles que estão sob os cuidados do General dos Exércitos? Ou, quem vai temer o mal estando sob os seus cuidados? Ele nos conduz vitoriosamente.

 

Muitos não gostam da condição de serem conduzidos. Entretanto, somos conduzidos desde que nascemos até o momento da morte. Começamos com condução física, emocional e cognitiva dos pais; passamos mais tarde a sermos conduzidos pelos valores (espirituais, morais, profissionais e etc.) construídos com o tempo de vida; para depois sermos conduzidos de novo apenas fisicamente em direção ao túmulo. Liberdade com plena isenção, ser senhor da própria história? Acredite se quiser.

 

Os que são conduzidos pelas paixões mundanas,  como diz o Salmo 1, são como palhas ao vento, levados para um lado e para o outro. Cheios de ansiedade, medos e insegurança. Mas, e os que são conduzidos por Cristo? Em Cristo somos mais do que vencedores.

 

Na ilustração colocada pelo apóstolo, a cidade recebia a entrada do general vencedor com um desfile festivo, aplausos e queima de especiarias que deixavam o ar carregado com um doce perfume muito agradável. A fragrância representava o produto de nosso conhecimento de Cristo vivido na prática. O prazer de ser Cristão, de ser servo de Deus. Algo que contagia a todos.

 

Reconheço que na vida cristã as distâncias da letra em relação à prática trouxeram embrutecimento à condição de escravos e prisioneiros conduzidos pelo Senhor, sobre a qual Paulo compara os cristãos. Porém, fazendo uso do que ele disse inspirado pelo Espírito Santo, creio que a solução não é a aversão ao comprometimento e nem a criação pirateada de um novo evangelho de facilidades, mas sim, uma aproximação maior. Ser prisioneiro de Cristo e ser conduzido por Ele é algo que precisa ser contemplado de perto.

 

Na celebração de conquista, há um general vencedor (Jesus) e prisioneiros (cristãos) capturados. Olhando de longe ou a meia distância, só vemos a festa, os capturados e a figura imponente do General. Porém, ao nos aproximarmos mais, veremos prisões sem correntes e mãos sem algemas. Chegando um pouco mais perto começaremos a enxergar prisioneiros sem lágrimas, sem tristeza, com sorrisos nos lábios, alegres participantes da festa e sem nenhuma vontade de fugir.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

OS EXALTADOS SERÃO HUMILHADOS







Tanto sei estar humilhado, como também ser honrado; de tudo em todas as circunstâncias já tenho experiência, tanto de fartura quanto de fome; assim de abundância, como de escassez. Fl 4.13

Crer que os humilhados serão exaltados significa, antes de tudo, crer que os exaltados serão humilhados. E o homem que escreveu as palavras acima - inspirado pelo Espírito Santo - aprendeu muito bem essa lição! Veja o que ele mesmo diz:

 
Se alguém pensa que tem razões para confiar na carne, eu ainda mais: circuncidado no oitavo dia de vida, pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim, verdadeiro hebreu quanto à Lei, fariseu; quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era lucro, passei a considerar como perda, por causa de Cristo. Mais do que isso considero tudo como perda, comparado a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor por quem perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar Cristo e ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé. Fl 3 4b-9

O que vou escrever na tela de vidro pode escandalizar alguns, mas eu vou mandar mesmo assim: - Um homem exaltado por Cristo é antes de tudo, alguém que foi humilhado por ele ou sob a permissão dele!

Não foi um cavalo que humilhou a Paulo o derrubando, não foram os irmãos que desconfiavam de sua conversão, não foram os judeus, não foram os romanos, foi o Cristo e depois o próprio Paulo.

 
Por isso, quem crê na bênção de uma vida exaltada por Cristo precisa antes crer na bênção da humilhação.

Agora, nós sabemos realmente o que significa humilhação?



Significa tornar baixo, trazer para baixo, trazer para a terra, nivelar. No Evangelho segundo Mateus, no capítulo 23 versículo 12, está escrito assim: Pois todo aquele que a si mesmo se exaltar será humilhado (será rebaixado, ou nivelado), e todo aquele que a si mesmo se humilhar (se rebaixar) será exaltado.

Pois Deus resiste a um coração altivo, mas se compadece do quebrantado coração.

Deus nos quer como criaturas dependentes dele, pessoas, que não vejam diferenças entre si e não tenham mais nada em que se gloriar, a não ser nele.

 “Voz do que clama no deserto: preparem o caminho para o Senhor, façam veredas retas para ele. Todo vale será aterrado e todas as montanhas e colinas, niveladas. As estradas tortuosas serão endireitadas e os caminhos acidentados aplanados. E toda a humanidade verá a salvação de Deus.”Lc 3.4-6

Jesus veio para trazer  a igualdade de condições à humanidade. A fim de que, o que é altivo, e o que é rebaixado fiquem nivelados. Pois independente do nível sócio-econômico e intelectual de cada um, independente da imagem que cada um tenha de si, diante de Deus somos todos iguais, e, é de sua vontade que reconheçamos isso, por bem ou por mal.

Deus não trabalha em cima de obra mal construída, Ele primeiro põe tudo ao chão para depois construir uma linda habitação. Porque Deus não habita em barracos e nem em puxadinhos espirituais.

 
Jesus espera ver em nós a prática da humildade através de seu exemplo.

Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou (se rebaixou), tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz. Fl 2.5-8

Você pode não concordar, mas a humilhação é o remédio amargo que nos faz muito bem. Outra coisa que você precisa saber: humilhação não é só ter a atenção chamada em público - por exemplo - essa dorzinha que você está sentindo nas costas, é uma humilhação. Olhar os pássaros voando sem poder sair do chão é uma humilhação; dar um mergulho no rio e ter que levantar a cabeça para respirar é uma humilhação. Olhar no espelho e ver o que você vê todo dia é uma humilhação... Até mesmo para mim (risos)!

Deus nós fez para a máxima perfeição, nós jogamos tudo fora e estamos aqui somente pela misericórdia.

Jesus quando assumiu a nossa condição humana estava submetendo-se a mais profunda humilhação, ou você pensa que sua humilhação começou no calvário. Quem somos nós, estamos cheios de espinhos na carne, precisamos a todo tempo descer a casa do oleiro (Jr 18. 1-10). Descer a casa do oleiro é o que Ele espera de você e de todos nós.

Só Jesus traz exaltação... Após aprendermos a bênção da humilhação.

Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que Ele em tempo oportuno, vos exalte. 1Pd 5.6.

Existem palavras na Bíblia, que nós deixam cheios de dedos para tratá-las. Sabem por quê? Porque somos muito influenciados pelos conceitos de valores do mundo. Na época de Paulo, o paganismo não tinha qualquer palavra para significar a graça e a beleza da humildade. Os termos correspondentes queriam dizer fraqueza e baixeza da alma. O cristão não pode se deixar levar por esses conceitos mundanos para aprender a ter paz nas tribulações da vida na esperança que o Senhor lhe eleve. Não só depois da morte, não só materialmente falando. Mas principalmente nós resgatando ao seu projeto original, para transformar nosso corpo de humilhação para ser conforme o corpo de sua glória.

Sabem o que é uma vida exaltada por Deus? Não vejo na Bíblia outra definição mais completa e bela do que a do Salmo 1, o meu Salmo preferido:

Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores! Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite. É como árvore plantada a beira de águas correntes: dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz próspera!Sl 1. 1-3

Isso é ser exaltado hoje! Aleluia!

Humilhação não é só o que você pensava hein?... Olha para o espelho. (risos). ...Mas ela é o remédio amargo que nos faz bem, dosada não pelos homens, mas por Deus.

Será que nos sentiríamos tão humilhados se fossemos surpreendidos de posse de algo que não nos pertence? É isso que precisamos aprender! Nesse mundo, de fato não somos donos de nada! Precisamos enxegar isso para darmos legitimidade a nossa própria vida. Jó quando foi avisado sobre a trágica morte de seus filhos, muito se entristeceu. Entretanto, disse algo que nos ensina muito: "saí nú do ventre da minha mãe, e nu partirei. O Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor". Jó 1.21.

Em outras palavras Jó dizia: já nasci humilhado recebi mais do que merecia, e o que recebi aqui não levarei comigo; tudo que tenho ou tinha recebi do Senhor, se hoje perdi, perdi o que não tinha méritos em possuir, bendito seja sempre o nome do Senhor!




O CORAÇÃO DO PASTOR






Aos pastores com carinho!


“Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas de meu pasto!”, diz o Senhor. Portanto, assim diz o Senhor, Deus de Israel, aos pastores que tomam conta de meu povo: “Foram vocês que dispersaram e expulsaram o meu rebanho, e não cuidaram dele. Mas eu vou castigar vocês pelos seus maus procedimentos”, declara o Senhor. “Eu mesmo reunirei os remanescentes do meu rebanho de todas as terras para onde os expulsei e os trarei de volta à sua pastagem, a fim de que cresçam e se multipliquem. Estabelecerei sobre eles pastores que cuidaram deles. E eles não mais terão medo ou pavor, e nenhum deles faltará”, declara o Senhor. Jr 23. 1-4

Podemos dizer que esta profecia, em sua plenitude, faz abordagem ao ministério pastoral (e aqui não estaremos discutindo sobre gênero). A mensagem plena do texto é clara: Por meio de Cristo, Deus está resgatando um povo, antes distante por causa do pecado; está lhes garantindo alimento, crescimento e bons pastores, que cuidaram bem dele ao contrário de outros, que destroem, dispersam, expulsam e não cuidam das ovelhas.



Se juntássemos o maior número de pastores possíveis, de várias denominações e perguntássemos: Vocês fazem parte dos pastores que destroem ou dos que cuidam das ovelhas? Tenho certeza que a resposta unânime seria: - fazemos parte dos que cuidam, ora bolas. Infelizmente, os do tempo de Jeremias também dariam a mesma resposta. Entretanto, não queremos com isso generalizar, queremos apenas dizer o óbvio: Enganoso é o coração humano, a beleza de um coração pastoral vai além das meras afirmações!

 

Não pretendo ater-me a figura do ministro, que deliberadamente é mal-intencionado. Até mesmo porque desses, segundo o texto que citamos, o Senhor cuidará pessoalmente ... Mas eu vou castigar vocês pelos seus maus procedimentos”

 

Porém, quanto aos que estão dispostos a atender ao chamado, a estes, gostaria de trazer a lume e comentar sobre algumas áreas, onde o ministro poderá ver desvirtuado o seu caminho. O que fatalmente o distanciará de um verdadeiro coração pastoral:

 

1- Área vocacional:



Vivemos em uma igreja onde o ministério pastoral é confundido com vários outros ministérios, onde apenas o título pastoral é valorizado e conseqüentemente procurado. O pastor Ariovaldo Ramos diz que um dos problemas da igreja brasileira hoje, é que ela, em sua grande maioria, está sendo pastoreada por evangelistas e outros tipos de líderes, mas não por pastores.



Líderes que na maioria das vezes estão bem-intencionados. Entretanto, não possuem características de cuidado, que são inerentes ao pastor. Ou seja, isso vem muitas vezes a acarretar problemas ainda maiores. Porque sem o senso apurado de cuidado com o rebanho e sob o afã de encherem suas igrejas, tais líderes são facilmente envolvidos por programas e técnicas de mercado que coisificam o indivíduo como o produto final de uma linha de montagem. E por serem mais afeitos aos números, se auto-avaliam pela quantidade e não pela qualidade. Com certeza os que agem dessa maneira, apesar de todo êxito numérico, estariam também na lista negra da profecia de Jeremias. Pois quando Paulo fala a Timóteo sobre as virtudes essências ao bispo, ele não expõe qualidades impessoais como as que seriam comuns a um gestor executivo de mercado, mas sim virtudes nada atraentes para os que esperam um rápido retorno numérico: Que o bispo seja irrepreensível, moderado, sensato, respeitável, hospitaleiro, amável pacífico, não apegado ao dinheiro. Alguém com esse perfil não poderia jamais gerir uma grande multinacional, e muito menos muitas igrejas que vemos por aí. Aquele que tem convicção vocacional sobre o pastorado jamais se deixará levar pela motivações mercadológicas sempre presentes no mundo. Assumir um papel pastoral não o sendo, transformará nossas boas intenções em desculpas “santas” para destruir, dispersar e expulsar as ovelhas para a direção da perversidade da teologia liberal que ao invés de tentar alterar a realidade presente para que se adapte a ideal ( reino de Deus), faz o contrário tenta adaptar a ideal (realidade do reino) à realidade presente, porque é mais fácil.

 

2- Área intelectual:



Neste ponto não pretendo falar muito. Pois a humildade e a submissão às escrituras precisam estar sempre presente. G. K. Chesterton importante filósofo cristão do começo do século XX combatendo a teologia liberal faz uma analogia que diz tudo: “A única coisa criada para a qual não podemos olhar é a única coisa em cuja à luz olhamos para tudo.” “o intelectualismo independente é só brilho de lua; pois é luz sem calor, e é luz secundária, refletida por um mundo morto.” ... "Pois a lua é absolutamente razoável; e a lua é a mãe dos lunáticos; ela deu a todos eles o seu nome."



Tratando até o momento da área devocional e intelectual, nos reportamos ao indivíduo, ao “chamado”, que sob a orientação correta e constante poderá seguir o seu caminho sem maiores problemas.

 

Entretanto, o maior desafio na busca da integridade de um coração pastoral, encontra-se na realidade com a qual lidamos no mundo. Vamos tratar da área contextual.



3- Área contextual:



Ronaldo Lidório em seu livro Liderança e Integridade, nos diz que: os maiores erros não resultam de ações, mas de reações. E basicamente em 3 circunstâncias: diante do pecado, do sofrimento ou das críticas. Esses 3 vetores provocam reações que tendem colocar em xeque a nossa integridade. Pois as ações demonstram planejamento, as reações demonstram valores.



Como cristãos dedicados a uma vida religiosa, estamos preparados para agir da maneira correta, mas isso é insuficiente quando nos defrontamos com as atitudes incorretas do mundo.



Lidório ainda diz que existem duas verdades âncoras para buscarmos um coração íntegro mesmo perante a inconsistência da vida: “A certeza de que o Senhor está no controle do Universo incerto no qual vivemos e a convicção de que ele nos ama.”



De fato reações não podem ser ensaiadas, pois lidam com o imprevisto, com o que não é razoável ou mensurável, muitas vezes até mesmo com o que é injusto. As reações são reflexos instantâneos daquilo que somos feitos, sem retoques ou máscaras diante de um mundo carente de virtudes onde devemos ser instrumentos consagrados.

 

Neste momento, se fizéssemos outra pergunta: - Você tem a certeza de que o Senhor está no controle do Universo incerto no qual vivemos e tem a convicção de que ele o ama?



Todos responderiam: é claro que tenho! Porém, em uma situação de vida onde você necessitasse viver essa verdade, a confirmação não viria de seus lábios, mas sim da sua reação diante do fato.

 

Tom Sine no livro O Lado Oculto da Globalização nos diz que: “à medida que os valores da modernidade forem se tornando globais, nós cristãos de toda parte – e especialmente os nossos jovens – iremos cada vez mais nos envolver numa disputa em que teremos de que escolher entre as aspirações e os valores do Reino e os do mundo.”

 

Também diz: “Infelizmente, muitos evangélicos das igrejas de hoje, por não refletirem sobre a real essência do cristianismo foram forçados a desempenhar o papel de imitadores e adaptadores culturais, em vez de precursores. Em termos bíblicos, é como ser seculares e conformistas, e não decisivamente cristãos.”



Além do cuidado com a própria integridade, essa é a realidade geral das ovelhas que o pastor precisa cuidar.



O hedonismo, o relativismo, o materialismo são realidades presentes não apenas no mundo, mas também nos templos evangélicos. Onde as ações dizem uma coisa, mas as reações comprovam outras.

 

Como alguém já disse: ninguém duvida de que o homem comum possa avançar neste mundo; mas nós não buscamos a força para avançar nele, mas sim para fazê-lo avançar.

 

Creio que quando Jesus ensina o andar mais uma milha, o dar a outra face, Ele está ensinando não apenas o caminho do crescimento aos seus discípulos, mas também ao mundo através do exemplo de alguns especialmente capacitados para tal.

 

Chesterton diz: Que o coração deve estar preso à coisa certa; a partir do momento que temos o coração preso temos liberdade para as mãos.

 

O coração do pastor precisa ser um coração que confia na soberania e no amor do Senhor para que ele faça aquilo que ninguém mais em sã consciência se prontificaria a fazer: cuidar de vidas com total empenho e amor ao ponto que elas sejam capazes de dizer ao mundo: “os homens podem ter vivido sob opressão desde que os peixes vivem nas águas, mesmo assim, eles não deveriam ter passado por isso se a opressão é pecaminosa. (Chesterton)”



No texto bíblico que lemos Jeremias termina dizendo:



...E eles não mais terão medo ou pavor, e nenhum deles faltará”, declara o Senhor.



Quem são eles? Quem são esses destemidos que estão prestes a abalar o mundo?



São os que estão à espera para serem apascentados por servos com certeza vocacional, que não se envaidecem pelo conhecimento, que sabem lidar com a realidade presente sem deturparem a Palavra ou fazerem concessões pecaminosas, e sobretudo, possuem um coração igual ao de seu Mestre Jesus.

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails