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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O LUTADOR



Está semana eu tive a oportunidade de assistir a um grande filme, "O Lutador". Um filme que conta a história de um lutador profissional, que fez muito sucesso no passado. Porém, vinte anos depois amargava ter que participar de lutas encenadas para conseguir sobreviver, um cinquentão, que já não aguentava mais manter o ritmo de antes.

O lutador, personagem central da trama, interpretado de forma impecável pelo ator Mickey Rourke, chega a um ponto decisivo quando sofre um ataque cardíaco e o médico o proíbe de lutar. Alguém que vivera antes de maneira desvairada e irresponsável, se viu fragilizado e ainda mais perdido quando foram frustradas as suas tentativas de começar um relacionamento amoroso estável e de reaproximar-se da filha, a qual nunca dera antes a atenção necessária.

Para alguém que antes só se interessava pela fama e pelas conquistas no ringue, até que ele começou bem o seu caminho de redenção. Suportou bem o golpe da aposentadoria antecipada pelo ataque cardíaco, o golpe da "vergonha" de passar a defender o seu sustento como um simples atendente atrás de um balcão de frios. Entretanto, se viu nocauteado por causa da negativa de um amor repentino e da dureza do coração de uma filha magoada pelo histórico de irresponsabilidades do pai. Esses últimos golpes foram demais para ele, não conseguiu absorvé-los e voltou aos ringues para àquela que seria sua última luta. O filme é bom, original, cativante e distante dos clichês holliwoodianos.

Mas como eu não sou comentarista de filmes, aproveito o "drama" para refletir sobre esse negócio, que não deixa os olhos roxos, não doí na boca do estômago, não arranca dentes, mas deixa muita gente nocauteada. Que negócio é esse? São os golpes da vida! Que nem sempre podem ser evitados. E que se não forem bem absorvidos, sempre nos deixarão na lona. Pois, em se tratando desse tipo de golpe, os mais potentes são aqueles que surgem de onde menos se espera.

Conheço pessoas que se defendem muito bem das duras investidas que recebem no ringue de suas profissões, no ringue acadêmico, até no financeiro. Porém, quando a pancada vem de alguém mais próximo - amigos, família - as mesmas ficam acuadas nas cordas do isolamento, ou perdem tanto a sensibilidade, que ficam com as suas almas totalmentes desfiguradas pelas pancadas, mas por não se darem conta disso, continuam apanhando e batendo, desferindo golpes tão terríveis quantos os que recebem. Esta segunda condição pode até não ser tão ruim no ringue esportivo. Porém, no ringue da vida, ambos os lados estarão sob derrota. Pois, não há como curar um mal causando mal ao outro. Como já disse Mahatma Gandhi: olho por olho e logo todos nós acabaremos cegos. Mas o que fazer então? Como absolver golpes que nos deixam tão doloridos?

Segundo o nosso bom e velho Aurélio um dos significados da palavra absorver é esgotar. O mal que recebemos não precisa ser reproduzido e nem deve consumir-nos. Precisamos lidar com ele através de uma força maior que o fará esgotar-se em nós, como se tivéssemos dentro de nós o maior e mais potente de todos os incineradores. Algo fantástico, excelente, divino: o amor de Deus!

"O amor é paciente o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura os seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." ICor 13.4-7

Não há força maior do que a força do amor daquele que já absorveu em si todos os golpes mortais que estavam a nós destinados. Um amor que ao ser reconhecido e crido passa a habitar no interior dos que crêem.

Aprendamos a absorver os socos e pontapés que recebemos nesse mundo cruel, rendendo-se primeiro diante daquele que já venceu toda violência e morte. A fim de que seu amor queime também em nossos corações!

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