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sábado, 8 de maio de 2010

Sem Palavra, Sem Crédito



Quando tinha mais ou menos uns oito anos, não existiam os grandes supermercados e lembro-me vagamente, que minha mãe fazia as compras numa pequena mercearia que tinha de tudo um pouco e na parede da loja tinha um cartaz a vista de todos com os dizeres: "Sem palavra, sem crédito". Após pegar todos os itens de sua lista, ela sempre tirava uma velha caderneta da bolsa onde todos os itens eram anotados para serem pagos no fim do mês. A palavra empenhada através das anotações daquela caderneta valiam mais do que dinheiro, pois faltando com a palavra o crédito era cortado.



Não quero com essas histórias do meu passado - recente diga-se de passagem - dar início a um discurso saudosista e melancólico, daqueles que sempre terminam com a frase: "aqueles sim, que eram tempos bons"! Mas sim, pensar um pouco sobre questões como: valores, credibilidade, segurança entre outras coisas.

Quando volto o olhar para o "hoje", percebo que assim como o nosso clima, nossa economia, nossa geografia, nossos hábitos, estão mudando muito rapidamente. Mudanças não são o problema, tudo está em constante movimento, tanto as coisas concretas como as abstratas. A terra gira, a ciência revê as suas teses, novas formas de geração de energia são descobertas... Enfim, a questão não está na mudança, mas sim no ambiente onde elas se dão e na velocidade que se dão.

Uma Nação pode mudar seu sistema de governo de forma sangrenta ou de forma amigável; um jovem pode alcançar a maturidade de forma tranquila e natural ou de forma abrupta com violência e muitos traumas. Tudo depende do ambiente em que se vive e do ritmo.

Por causa da velocidade das ações agressivas do homem para com o meio ambiente, a natureza está em desequilíbrio; por causa da impaciência do homem na busca da saúde e da perfeição estética vemos estes se transformarem em cobaias de experimentos inacabados; por causa da busca por um aumento instantâneo de adeptos vemos uma igreja cada vez mais presa a fisiologismos e ativismos, em verdadeiro estado de fibrilação.



Tudo porque estamos nos transformando em "coisas", e coisas podem até mudar, mas de forma imprecisa. Porque coisas não podem identificar e respeitar a poesia, a generosidade e o compromisso, que estão no processo da mudança que respeita a Deus, ao próximo, e que  trazem o real aprimoramento.

O que seria de nós se o dia virasse noite instantaneamente? Não teríamos o deleite de ver o sol surgir no horizonte e nem o seu despedir-se por detrás das montanhas.

Ao observamos as harmoniosas mudanças da natureza aprendemos, por que o  processo é tão importante quanto o produto final, e que a qualidade vem do processo.



A noite pode ser de densas trevas, mas há uma certeza, que o sol virá após algumas horas. Podemos dormir, porque sabemos que o dia virá prontinho sem fazermos força para isso.



Mas é o ambiente? Os valores?
O imediatismo das mudanças é ditado pelo contexto em que vivemos.

O nosso contexto é um contexto de aparências, onde a propaganda é a alma do negócio, onde se conquista espaço por meio de uma imagem bem construída. Porém, há um vácuo entre a realidade real e a realidade aparente e o castelo de cartas está prestes a desmoronar.

Bolhas estouram a todo momento na economia, por causa de falsa solidez nos negócios; famílias aparentemente estáveis desabam sem se saber porque; pessoas de boa reputação são reveladas como verdadeiros monstros.

As garantias, as bases, muito bem maquiadas, já se mostram rotas, o mal cheiro já não tem sido disfarçado com tanta eficiência, os tapetes não conseguem conter tanta sujeira.

Esse é o ambiente do descrédito, onde tudo tem que ser muito rápido, para não perder o valor, para não cheirar mal, para não descobrirem a realidade, para se tirar o máximo de proveito antes que todos saibam.

É o contexto do homem descrente do homem, de tudo o que o homem faz e de tudo o que ele representa. O contexto do homem que aceitou essa realidade destruidora, que aceitou as regras do "jogo", onde quem  melhor fingir é o melhor.

Nossa interatividade precisa de melhores e reais garantias que nos tragam compasso a vida e resgatem a beleza e a oportunidade das mudanças.

Quando penso em tudo isso imagino Deus tal como o dono daquela merceria dos tempos de criança, e vejo no céu as mesmas palavras estampadas no cartaz amarelado da parede: "Sem Palavra, sem crédito".

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Confie Nas Promessas... Do Senhor.


 
Eu estou cansado de promessas! Você também não está? Já me prometeram tantas coisas e não cumpriram. ...A você não?

São promessas de políticos, de amigos, de pessoas de perto, de pessoas de longe, são promessas de religiosos...

Eu estou cansado de promessas! Por que os seres humanos prometem tanto? Por que os sistemas prometem tanto? Por que as religiões prometem tanto?
Será que é para nos fazer cansar de ouvir  promessas?

Isso é preocupante.

Porque Deus também faz promessas. Promessas verdadeiras.

Mas o que acontece quando nos cansamos até das promessas de Deus? Promessas do tipo:

Crê em mim e serás salvo tu e a tua casa! Aqueles que vêm a mim o inimigo não os tocam! Venham a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e encontrareis descanso! Buscai o reino de Deus e a sua justiça e as demais coisas vos serão acrescentadas!
Cansado das promessas de Deus?

Esse é o tipo de coisa, difícil de admitir.

Diante de tal indagação, nossa reação é instantânea: 

- O que é isso? Eu creio sim, nas promessas de Deus!

 
Porém, tenha certeza de uma coisa. São as suas atitudes, que vão dizer, se o que os lábios confessam corresponde realmente sobre o que está na mente e no coração!

 
Querem saber o que eu penso? Vou dizer mesmo assim.

As muitas promessas que são feitas por aí, que não se cumprem, são tentativas de sufocar em nossos corações a confiança nas promessas daquele que verdadeiramente é fiel e que não é homem e nem filho do homem para mentir.

Porque, quantas vezes nos decepcionamos com o homem e tomamos atitudes contrárias às que indicariam que confiamos em Deus.

Quer ver um exemplo: Por qualquer coisinha desfazemos relacionamentos fraternos, que não foram feitos em um dia, os tomando de fato como descartáveis.  E, contrariamos assim, a vontade de Deus, que deseja e prometeu zelar para que sejamos uma família indissolúvel e sincera.
Assim diz a Palavra: “Apeguemo-nos com firmeza à esperança que professamos, pois aquele que prometeu é fiel”(Hb 10.23). O Senhor é fiel! Aleluia!

É por Tudo isso, que eu e você precisamos confiar nas promessas do Senhor em detrimento a todo esse lixo verborrágico e vãs sutilezas lançados sobre os nossos ouvidos.

 
Confiar nas promessas do Senhor é essencial para que consigamos suportar a prova do tempo. Dizem por aí que Deus tarda, mas não falha. Mentira! Deus age na hora certa. Creia nas promessas do Senhor. Aprenda a esperar no Senhor. Não há tempo que apague o que ele tem para você.

Quer outro motivo para crer nas promessas do Senhor?

 
Sem crer não conseguimos suportar a prova das adversidades!

 
Quem não suporta passar por adversidades, precisa lembrar que uma das promessas do Senhor diz que no mundo teremos aflições, mas mesmo assim devemos manter o ânimo, porque ele nos garante vitória.
 
Existem promessas que só se concretizam após o passar por provações.

No Antigo Testamento vemos a história de José filho de Jacó, que recebe através de sonhos a promessa do Senhor de que ele seria o maior entre os seus irmãos, no entanto, foi jogado num buraco, foi vendido como escravo, foi preso, foi traído, mas a promessa se cumpriu (Gn 50.18-21).

 
O que aconteceria se José não tomasse a promessa divina como esteio a fim de suportar as duras provas que passou? Teria maltratado os seus irmãos? Teria se trnasformado em mais um murmurador sem registro histórico à posteridade?

 
O Senhor não lhe põe a prova além daquilo que você pode suportar. Firme-se através das promessas para que diante das tribulações, você não venha a tentar “dar um jeitinho”.

 
Deus não precisa de mãozinha, Ele não veio para dar jeitinho, para amenizar; para fazer remendos na vida de ninguém. Ele veio para dar um jeitão, para lhe deixar bonito, bem na fita, como se diz por aí. Jesus veio para lhe conceder vida e vida em abundância.

 
Graças a Deus, porque mesmo apesar da multidão de falsas promessas, mesmo apesar de nossas fraquezas e incredulidades. Apesar de nós mesmos, Ele é fiel para fazer com que se cumpram as suas promessas em nós.

 
Você ainda acredita nas promessas do Senhor? Responda então: Você tem tido êxito ao passar pela prova do tempo? Você tem suportado de cabeça erguida diante das tempestades? Não tem se deixado levar pela tentação de dar “uma mãozinha” ao Senhor?

E, sobretudo, você continua confiando que aquele que prometeu é fiel e poderoso para fazer com que suas palavras se cumpram?
 
Caso a sua resposta não seja a ideal, não há mais nada que possa ser dito além de: Confie nas promessas... do Senhor.

sábado, 6 de março de 2010

MEDO, PEDRAS E FÉ.




04/01/10
Chega a 50 o número de mortos em Angra. Subsecretário de Defesa Civil diz que mais vítimas podem ser encontradas. Já foram achados 21 corpos no Morro da Carioca e 29 na Ilha Grande.

22/02/10
Tremor de magnitude 7 no dia 12 matou ao menos 200 mil.
Fora confirmadas até agora as mortes de 21 brasileiros. A situação humanitária do país, o mais pobre das Américas, é caótica. Pelo menos 200 mil pessoas morreram, 300 mil ficaram feridas, 4 mil foram amputadas. Há um milhão de desabrigados.



01/03/10
O terremoto de 8,8 de magnitude que atingiu a região central do Chile na madrugada de sábado (27) derrubou prédios e deixou pelo menos 723 mortos e 19 desaparecidos.
(fonte: site G1)



Estamos acompanhando diariamente notícias terríveis sobre várias tragédias naturais, desmoronamentos, tempestades, terremotos, maremotos e etc. As pessoas começam a sentir desconforto, medo, e a sensação de que o fim de todas as coisas está próximo. Dá para perceber isso, através das conversas em todo tipo de ambiente... 


Sob uma perspectiva bíblica, esse pânico deveria ser uma realidade constante na vida dos que não crêem genuinamente em Deus e na vida dos que mesmo crendo, andam em hipocrisia. Pois, sem comunhão com Cristo, o perigo eminente que nos cerca é pior do que mil terremotos. Nessa vida tão frágil, partindo sem comunhão com Ele estaremos indo direto ao inferno.
Por isso, de certa forma, o despertamento em relação ao fim eminente, é bom, porque joga por terra as estruturas que o homem pensa que lhe traz garantia e lhe dá a oportunidade de encontrar a verdadeira segurança. Esse medo é útil, retira à soberba, nos faz chorar como crianças e pedir socorro a Deus sem ter vergonha de parecermos ridículos.


Penso que os sentimentos de impotência diante das mazelas da vida, deveriam servir de impulso na direção do Deus encarnado, do Redentor Jesus. Pois, cada passo em sua direção, nos fariam sentir menos peso, menos medo.
Entretanto, parafraseando o poeta, há de ser considerado, que nessa direção encontraremos algumas pedras no meio do caminho, e o primeiro obstáculo a ficar para trás é o orgulho.
O orgulho representa a pedra no meio do caminho, quando mesmo ante a prova, o aflito ainda encontra espaço para ponderações como: - A coisa está difícil, mas será que diante desse obstáculo vale à pena continuar nessa direção? Eu ainda posso pensar em um atalho.


A Bíblia nos fala sobre uma mulher, que com um sério problema de hemorragia (Mc 5.25-34), encontrou a sua cura através de Cristo. Antes de relatar sobre o momento áureo, o evangelista nos fala sobre o histórico da caminhada daquela mulher:



Ela padecera muito sob o cuidado de vários médicos e gastara tudo o que tinha, mas em vez de melhorar, piorava. v.26


Ou seja, diante de tudo, que aquela mulher já havia tentado e fracassado, diante do seu grave problema que persistia; enfrentar uma multidão, enfrentar constrangimento e até humilhação, representava uma pedra pequena demais para não ser ultrapassada. O orgulho ficaria para trás.


Quando mais novo, há pouco tempo atrás, eu, meus primos e tios costumávamos brincar com os chamados jogos de tabuleiro - não sei bem se era esse o nome – mas, eram aqueles joguinhos de dados e pinos que corriam as casas do tabuleiro, e algumas casas nos faziam voltar tudo o que já havíamos progredido. Como isso era ruim! Às vezes, perto de ganhar, éramos obrigados a voltar ao início.
Trago a memória as lembranças do passado, para ilustrar o fato de que na caminhada proposta, ainda existem outras pedras a serem superadas, que se não forem, poderão causar um triste retrocesso.


Após superar a pedra do orgulho, a pedra da impaciência passa a ser a próxima. Há quem pense, que após tomar a decisão certa e dar demonstrações de humildade; temos o “sagrado” direito de sermos prontamente atendidos.

Quero aqui chamar a atenção, entre outras coisas, para o caráter relacional do contato da criatura com o Criador. Independentemente, de nossa “justificável” urgência na solução dos problemas, o Senhor jamais será submetido a nossa agenda de prioridades, o homem é que precisa submeter-se a agenda do Senhor. Quanto a isso, o mesmo capítulo cinco de Marcos, traz um bom exemplo.


Marcos nos conta que outra pessoa havia chegado antes da mulher, a suplicar o favor do Cristo. O seu nome era Jairo um dos dirigentes da sinagoga e ele estava com sua filha à beira da morte. Por essa razão, Jairo já havia superado antes da mulher, a pedra do orgulho, mas diante da interferência dela, Jairo teve que aprender, não só a humildade, mas também a paciência e submissão à agenda de Jesus. Eis a pedra da impaciência superada. 

Tal aprendizado foi extremamente útil a Jairo, para saltar, sem pegar impulso, uma pedra, que para muitos é uma verdadeira montanha rochosa: a pedra da incredulidade.


A incredulidade jamais será vencida sem a experiência adquirida através da caminhada de uma vida paciente e submissa à vontade e ao tempo do Senhor. Porque, tais atitudes nos fazem ver melhor a realidade fora de nós mesmos.

Você pode até adquirir humildade e paciência enclausurado dentro de um mosteiro, isolado de tudo e de todos. Mas, a fé vem da experiência em seguir de perto os passos do Mestre, se é nele que eu preciso crer, então tenho que ver o que Ele é capaz de fazer com todo amor que possui; até onde Ele vai por pessoas tão falhas e pecadoras assim como eu. Para que eu tenha a certeza de que também serei alvo desse amor.

Alguém pode dizer: - Quem chega ao ponto de clamar a sua ajuda é porque já crê. Tal pensamento só reforçará a hipocrisia de quem não admite que não foi a fé que o levou aos pés do Senhor, mas sim o medo. Que não foi a fé que o fez buscar uma ajuda antes inimaginável, mas sim o medo de perder aquilo que realmente valoriza, seja a própria vida ou a de quem muito se ama.

O mesmo medo, que um dia será suficiente para fazer com que todos os joelhos da terra se dobrem e que todas as línguas confessem que Jesus Cristo é o Senhor (Rm 14.10-11). O medo pode até nos levar aos seus pés, mas é a fé que nos leva ao seu coração.

Jairo foi paciente, por isso testemunhou o antes e o depois daquela mulher, e isso foi determinante para que ele pulasse a pedra/montanha da incredulidade. A semelhança de Jairo, perseverando na caminhada com Jesus, antes mesmo de você alcançar o seu milagre, você verá muitos outros acontecendo no meio do caminho e isso lhe trará a fé necessária para a superação da última pedra. A Pedra do auto-comando.

Essa é uma pedra que fica colada à pedra da incredulidade, sendo assim, ao pularmos uma, vencemos também a outra. Porém, o identificar a superação desta pedra, representa a prova real de que nossa fé não é parcial ou falsa.

Logo após ter testemunhado sobre a cura milagrosa da mulher, Jairo foi bombardeado com uma péssima notícia, sua filha havia morrido. Os segundos entre a notícia e a resposta de Jairo, parecem durar uma eternidade em sua cabeça. Penso que nessa hora o sentimento de que tudo havia sido em vão, tentou de todas as formas invadir a sua mente. Porém, encontrou um Jairo impactado por algo, que nunca sentira antes. Essa é à hora crucial.

O medo de perder a filha o levara a uma condição nunca antes experimentada. Agora palavras martelavam em sua mente: “... Sua filha morreu não precisa mais incomodar o mestre”. Nesse momento, o Jairo, líder religioso, conhecedor das escrituras, descobre algo que ele de outras formas, já havia ouvido, já havia lido, já havia falado, já havia visto (no caso da mulher), mas nunca havia sentido: “O Deus que nós incomodamos por medo, se incomoda em nosso favor, por amor.”

Não fazendo caso do que eles disseram, Jesus disse ao dirigente da sinagoga: “Não tenha medo; tão-somente creia”. V.36


Ao ouvir tais palavras, Jairo entendeu que ele não precisava dar uma resposta, mas sim, acreditar na Resposta que havia buscado na hora do seu maior medo: Jesus. Ele creu e fez o que naturalmente seria necessário fazer, deu a direção, o comando de toda situação ao Senhor Jesus. Conseqüência natural da fé. Não adianta convidar a Jesus para agir em seu favor, se você não der a ele a direção.

Dali por diante, todas as pedras que estivessem no caminho estariam a cargo do Senhor Jesus. Primeiro ele tirou os obstáculos da fé, os conformistas, os pessimistas (v.37). Ao chegarem à casa de Jairo, mais pedras, e Jesus foi tirando, a pedra da irreverência, da zombaria, da insensibilidade, da arrogância (v.39-40).

 Jairo havia entregado a Jesus a direção da sua própria casa e quando isso acontece os milagres não são um fim, mas sim, conseqüências dessa entrega.



Que o medo generalizado nos faça ver quão frágeis e desprotegidos somos e nos revele Jesus como resposta; e, que cada passo em sua direção nos condicione a superar as pedras da soberba, da impaciência, da incredulidade e do auto-controle humano. E, assim sendo, que o medo seja trocado pela fé, diante da capacidade de ouvirmos a voz que diz: Não tenha medo, tão somente creia.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

A Aflição Dos Que Esperam Pelo Que Deus Não Prometeu





“Maior vilão por trás das doenças que mais matam no mundo, o estresse atinge cerca de 60% da população mundial de forma continuada. É exatamente aí que está o problema. Quando as pessoas recebem os estímulos que provocam o estresse muitas vezes ao dia, o organismo não consegue eliminar seus efeitos no corpo. E então começa o caos... as regras de conduta na sociedade limitam nossas manifestações de agressividade, mas não ensinam o que fazer com o que foi reprimido.”



“Nos últimos anos estudos conduzidos na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil mostraram que o estresse por períodos prolongados favorece o surgimento de diabetes, doenças cardiovasculares, ansiedade, depressão, impotência, infertilidade e até mesmo algumas formas de câncer. Agora uma pesquisa conduzida por equipes de duas universidades paulistas – a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) – revela outro possível efeito devastador do estresse. Essa reação natural do organismo que facilita a adaptação a situações novas ou ameaçadoras também potencializa processos inflamatórios que podem culminar na morte de células nervosas (neurônios) em duas regiões específicas do cérebro: o hipocampo, associado à formação da memória, e o córtex frontal, responsável pelo raciocínio complexo.O estresse, em si, é um mecanismo natural de adaptação, não uma doença”. “O problema surge quando se perde o controle sobre o nível de estresse.”



O texto acima é fruto de pesquisa de algumas matérias em várias revistas que tratam do assunto estresse e depressão.

Já, havia algum tempo, que eu vinha pensando em postar alguns textos falando sobre o grande crescimento do consumo de crack e outras mazelas sociais. Mas, penso, que tratar sobre o que vou tratar agora, representa vislumbrar o cenário do mundo antes mesmo da chegada dos protagonistas de tais mazelas. Afinal, o que leva os homens a tais caminhos?



Conforme é provado pela ciência, os males psíquicos emocionais, tais com estresse, ansiedade, depressão, estão entre os grandes propulsores de males que se multiplicam de forma multifacetada e que agridem o indivíduo e a sociedade de maneiras arrasadoras. Nunca antes, tantos problemas na saúde pública foram associados a patologias psicossomáticas, (Doenças psicossomáticas são todos os processos orgânicos patológicos de origem psicológica, causados por estresse, ansiedade, depressão etc.), até o câncer faz parte dessa lista. Tais diagnósticos não devem ser associados apenas a evolução da pesquisa científica, porque os seus sintomas crescem a cada dia e estão associados sim, a questões da contemporaneidade, tais como valores hedonistas, consumismo, imediatismo, entre outros.



Particularmente, eu ouso esboçar uma tese em relação a isso. Há algum tempo atrás, li um interessante artigo de um teólogo sul-americano que dizia que vivemos hoje o fim da cristandade – entenda cristandade como uma forma de denominar uma sociedade cristã, onde independente do testemunho individual existam valores, pudores, moral, inspirados pelo cristianismo, que influenciam as pessoas mesmo que inconscientemente. Na verdade, até os valores éticos e morais dos mais céticos traziam o verniz da cristandade.



Pois bem, isso representa uma mudança de quadro tremenda, principalmente para o ocidente. Hoje em dia, o capitalismo está mais selvagem do que nunca, a chamada “liberdade sexual” está a pleno vapor – ninguém mais tem vergonha de sair do armário. No ambiente onde tudo é relativo, nada é absoluto, onde o que vale é a minha lei, percebe-se que conceituar valores morais é éticos além de desafiador, tornou-se, sob esse prisma, totalmente desnecessário.



Esse é o mundo presente em que vivemos e sob este contexto, ideologicamente falando, os homens estão soltos para provarem o que quiserem, mas sob a ótica teológica bíblica, eles estão despencando de um abismo sem terem em o que segurar, estão em um trem desgovernado prestes a se chocar, e embora humanamente não percebam, suas almas clamam por socorro urgente. Eis aí, o motivo de tanta ansiedade de tanto estresse, de tanta depressão e de tantas doenças psicossomáticas. Eis aí, a razão de tanta entrega a prazeres baratos, de tanto fundo de poço raso, de tanta miséria humana. Não há nada firme em que se possa apoiar, não há nada sólido em que se possa pisar.



Pensar sobre isso, me entristece muito, não só porque Jesus já pagou o preço para que tudo fosse diferente, mas também, porque como Igreja (sem generalizar), pesa sobre nós a responsabilidade de não termos ensinado a sociedade a comer o peixe, ela se assustou com as espinhas, e então, está jogando todo o peixe fora.

As espinhas eram as intolerâncias, a falta de diálogo, o triunfalismo, os preconceitos culturais, a omissão diante dos descalabros políticos e sociais, a frouxidão doutrinária... (sobre os “espinhos”, darei exemplos práticos e detalhados se for questionado, ou então pesquise e me cite exemplos). O problema não são os espinhos, mas sim o não saber lidar com eles, pois estes não devem nem ser ao menos comparados a fartura do peixe.



Mas, por que alguns na Igreja pecaram e tem pecado quanto a essa missão? Porque, também estão caindo de um abismo, os caçadores da prosperidade material estão no mesmo abismo mundano. Porém, muitos crentes verdadeiros estão em uma espécie de abismo virtual, a Rocha está sob seus pés, mas suas cabeças estão voltadas para o próprio umbigo, não conseguem ver as riquezas espirituais a eles reservadas e se confundem com a multidão dos desesperados.

Dessa maneira, não podem anunciar o que Deus prometeu aos que crêem, porque estão aflitos esperando por aquilo, que Deus não prometeu.



Estes irmãos estão tão ansiosos quanto; tão estressados quanto; tão deprimidos quanto! Em Cristo nós só deveríamos ter a parte boa do estresse, aquilo que nos põe em alerta, a postos! Mas, na igreja, ainda há gente morrendo de aflições. Por que? Porque esperam por coisas que Deus não prometeu!

Seguem o exemplo e os conselhos do mundo; são nostálgicos (sempre acham que ontem era mais fácil); e principalmente, banalizam a Palavra, porque quando a lêem, não a aplicam na prática.

Deus não prometeu a ninguém saúde perfeita, conta bancária gorda, carro do ano. No entanto, diante dos nossos maiores temores e preocupações no mundo, Ele diz: Eu venci o mundo.



Jesus certa vez disse aos seus discípulos: Neste mundo vocês terão aflições; contudo tenham ânimo! Eu venci o mundo”, (João16.33). Embora, falasse com os discípulos, tanto eles como os incrédulos sabem, que o mundo é um lugar de aflições. O detalhe, que traz toda a diferença, é, que os que seguem a Jesus entendem bem (ou deveriam entender) o final da frase: ...Eu venci o mundo.




segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A Palavra



Aquele que é a Palavra tornou-se carne é viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade. João 1.14


A Palavra de Deus já estava entre os homens antes de Jesus coabitar entre nós; a Palavra de Deus já existia antes do Senhor deixar a sua glória para assumir a condição humana.

 

A Palavra sempre foi bela, reveladora, transformadora... Mas os homens não tomavam posse de tamanha riqueza. Eles tiravam proveito de sua autoridade para validarem suas ações em causa própria. Tal atitude retirava a beleza da Palavra e ela se tornava letra fria, como um punhal, instrumento de morte.

Mas, não foi sempre assim, no começo de tudo a Palavra saída da boca do Senhor transformou o caos em harmonia e da esterilidade logo a vida surgiu. Nesse momento, o Senhor já nos ensinava o poder criador da Palavra viva.

Não imitamos o seu exemplo, por isso ao seu tempo Ele de novo interveio, surgindo entre nós como um rebento esplendoroso. Até então, a Palavra estava como semente sem chão à fecundar. As pessoas queriam enxergá-la, mas o grão de mostarda não tinha onde brotar. Vidas secas, sem graça tornavam o grão embotado.

Porém, antes da esperança ir embora, o Senhor deixou a sua glória e veio ser a Palavra em perfeita simbiose com a frágil figura humana. 

Olhamos para Ele e vimos algo diferente. Bem que tentamos nos deter à realidade aparente: - Vestes comuns, pés empoeirados como os da gente? Mas, a sua verdade se mostrou incomparável, seu amor e sua justiça inigualáveis, sua graça irresistível. Não vimos apenas fama, vimos a sua glória e reconhecemos nela, a glória do unigênito do Pai.

O que antes se escrevia em pedras foi inscrito em corações de carne, a fim de que a Palavra continue viva e reveladora da glória sem par.

 A Palavra nos nos trouxe vida. Que não sejamos hoje, reeditores da história que revela a letra fria; que não sejamos censurados por não mostrarmos a um mundo que sofre, a Palavra viva e eficaz, que habita na glória e, também, no coração daquele que nela se satisfaz.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Menos suicidas e mais mártires.




Considerações de G. K. Chesterton:

O suicídio não constitui um pecado, ele é o pecado. É o mal extremo e absoluto; a recusa de interessar-se pela  a existência... Um homem que se mata, mata todos os homens; no que lhe diz respeito, ele elimina o mundo.

Um mártir  é um homem que se preocupa tanto com alguma coisa fora dele que se esquece da sua vida pessoal. Um suicida é um homem que se preocupa tão pouco com tudo o que está fora dele que quer ver o fim de tudo; um quer que alguma coisa comece, o outro que tudo acabe... O mártir é nobre exatamente porque ele confessa esse supremo laço com a vida... o suicida é ignóbil porque não tem esse vínculo com a existência. Ele é meramente um destruidor.

O Cristianismo mostrara rigor incomum para com o suicida. Pois o cristianismo mostrara um ardente incentivo ao martírio.

Estou de acordo com as considerações de Chesterton (autor do livro: Ortodoxia), o que dispensa comentários. Mas, tais palavras acendem um grande sinal de alerta se considerarmos que estamos cercados por uma sociedade composta de muitos suicidas, verdadeiras bombas-relógio prestes a explodir e a levarem consigo o maior número de pessoas que puderem. Pessoas que não estão nem aí para os outros,  estão nas tv´s, na mídia em geral, na política e até mesmo nas igrejas. Pessoas que tecem belos discursos sob contextos mal interpretados; que não discernem o que se ambienta em nosso solo global; pessoas sem pespectivas do reino; formatadas ao caos.

Nas políticas públicas distribuem preservativos incentivando assim,  o sexo fora de hora como forma de combater doenças e gestações precoces.
Na mídia de horário nobre diante de crianças inocentes e pais incautos, chamam prostitutas e garotos de programa de luxo, de heróis sob a desculpa de trazerem diversão ao povo.
Nas igrejas incentivam o "buscar o melhor dessa terra", quando o melhor dessa terra são os que fazem parte do corpo de Cristo, que precisam se auto-conhecerem como também já são conhecidos por Cristo, ao invés disso são motivados a olharem para o brilho abaixo do céu.

São todos uns suicidas homeopáticos, que morrem e matam um pouco a cada dia. São pessoas infelizes, afundadas nas próprias cobiças, que odeiam a vida porque nada aqui lhes sacia a sede, e são orgulhosos demais para tentar um outro caminho. Realmente lhes falta a dignidade, lhes falta luz.

Graças a Deus pelos mártires, que também existem em abundância. Pessoas que a cada dia se entregam mais e mais à manutenção da vida.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

APRISIONADOS E CONDUZIDOS.



Um dia desses ouvi um Senhor falando a seguinte frase: “Hoje em dia, temos muitos problemas, mas em compensação não somos mais prisioneiros de uma sociedade de valores morais hipócritas e nem de dogmas religiosos. Hoje cada um conduz a sua vida como bem quiser sem medo de preconceitos e prejulgamentos.”



Como cristão os primeiros pensamentos que eu teria diante de tal palavra, seriam pautados naqueles textos bíblicos que dizem que o homem sem Cristo embora livre é escravo do pecado, que os ímpios são como palhas levados ao sabor do vento e etc. Não estaria errado. Mas na hora me lembrei das palavras de um cristão muito mais experiente e producente do que eu, o apóstolo Paulo:



Mas graças a Deus, que sempre nos conduz vitoriosamente em Cristo e por nosso intermédio exala em todo lugar a fragrância do seu conhecimento. 2 Cor 2.14

 

Às vezes, no afã de exaltar a liberdade em Cristo em detrimento da prisão do pecado, enfatizamos a liberdade de tal maneira, que a impressão que se dá, é que somos seres angelicais soltinhos por aí, autônomos e prontos para o céu. Nós nunca paramos para pensar, que as críticas a religião e a moral cristã não atuavam sobre uma realidade de evangelho diferente do plano original, mas sim sobre uma representação grotesca do mesmo. Houve excessos, faltou reflexão, contextualização, compaixão. Mas com uma boa restauração, retirando a poeira, as camadas de tintas intrusas, podemos ver perfeitamente os traços originais e imutáveis da bela obra do Senhor.

 

Por isso, pensando nessas coisas lembrei-me da fala de Paulo, uma palavra que fala muito nas entrelinhas, nos revelando a beleza da vida cristã sem a necessidade de eufemismos gramaticais e sem adaptações, que diferentemente dos excessos de outrora – que embaçavam o quadro da vida cristã - acabam por criar novas versões piratas e baratas do viver evangélico.

 

Foi através de uma ilustração inspirada nas celebrações romanas, que marcavam a entrada na cidade do exército vitorioso em batalha com o seu general à frente, que Paulo ilustrou os cristãos como os prisioneiros levados pelo general, juntamente com os despojos da guerra.

 

Somos prisioneiros de Cristo e estamos sob suas ordens e cuidados. Cristo é o grande general, que venceu e nos fez prisioneiros para si. Quem vai mexer com aqueles que estão sob os cuidados do General dos Exércitos? Ou, quem vai temer o mal estando sob os seus cuidados? Ele nos conduz vitoriosamente.

 

Muitos não gostam da condição de serem conduzidos. Entretanto, somos conduzidos desde que nascemos até o momento da morte. Começamos com condução física, emocional e cognitiva dos pais; passamos mais tarde a sermos conduzidos pelos valores (espirituais, morais, profissionais e etc.) construídos com o tempo de vida; para depois sermos conduzidos de novo apenas fisicamente em direção ao túmulo. Liberdade com plena isenção, ser senhor da própria história? Acredite se quiser.

 

Os que são conduzidos pelas paixões mundanas,  como diz o Salmo 1, são como palhas ao vento, levados para um lado e para o outro. Cheios de ansiedade, medos e insegurança. Mas, e os que são conduzidos por Cristo? Em Cristo somos mais do que vencedores.

 

Na ilustração colocada pelo apóstolo, a cidade recebia a entrada do general vencedor com um desfile festivo, aplausos e queima de especiarias que deixavam o ar carregado com um doce perfume muito agradável. A fragrância representava o produto de nosso conhecimento de Cristo vivido na prática. O prazer de ser Cristão, de ser servo de Deus. Algo que contagia a todos.

 

Reconheço que na vida cristã as distâncias da letra em relação à prática trouxeram embrutecimento à condição de escravos e prisioneiros conduzidos pelo Senhor, sobre a qual Paulo compara os cristãos. Porém, fazendo uso do que ele disse inspirado pelo Espírito Santo, creio que a solução não é a aversão ao comprometimento e nem a criação pirateada de um novo evangelho de facilidades, mas sim, uma aproximação maior. Ser prisioneiro de Cristo e ser conduzido por Ele é algo que precisa ser contemplado de perto.

 

Na celebração de conquista, há um general vencedor (Jesus) e prisioneiros (cristãos) capturados. Olhando de longe ou a meia distância, só vemos a festa, os capturados e a figura imponente do General. Porém, ao nos aproximarmos mais, veremos prisões sem correntes e mãos sem algemas. Chegando um pouco mais perto começaremos a enxergar prisioneiros sem lágrimas, sem tristeza, com sorrisos nos lábios, alegres participantes da festa e sem nenhuma vontade de fugir.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

OS EXALTADOS SERÃO HUMILHADOS







Tanto sei estar humilhado, como também ser honrado; de tudo em todas as circunstâncias já tenho experiência, tanto de fartura quanto de fome; assim de abundância, como de escassez. Fl 4.13

Crer que os humilhados serão exaltados significa, antes de tudo, crer que os exaltados serão humilhados. E o homem que escreveu as palavras acima - inspirado pelo Espírito Santo - aprendeu muito bem essa lição! Veja o que ele mesmo diz:

 
Se alguém pensa que tem razões para confiar na carne, eu ainda mais: circuncidado no oitavo dia de vida, pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim, verdadeiro hebreu quanto à Lei, fariseu; quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era lucro, passei a considerar como perda, por causa de Cristo. Mais do que isso considero tudo como perda, comparado a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor por quem perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar Cristo e ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé. Fl 3 4b-9

O que vou escrever na tela de vidro pode escandalizar alguns, mas eu vou mandar mesmo assim: - Um homem exaltado por Cristo é antes de tudo, alguém que foi humilhado por ele ou sob a permissão dele!

Não foi um cavalo que humilhou a Paulo o derrubando, não foram os irmãos que desconfiavam de sua conversão, não foram os judeus, não foram os romanos, foi o Cristo e depois o próprio Paulo.

 
Por isso, quem crê na bênção de uma vida exaltada por Cristo precisa antes crer na bênção da humilhação.

Agora, nós sabemos realmente o que significa humilhação?



Significa tornar baixo, trazer para baixo, trazer para a terra, nivelar. No Evangelho segundo Mateus, no capítulo 23 versículo 12, está escrito assim: Pois todo aquele que a si mesmo se exaltar será humilhado (será rebaixado, ou nivelado), e todo aquele que a si mesmo se humilhar (se rebaixar) será exaltado.

Pois Deus resiste a um coração altivo, mas se compadece do quebrantado coração.

Deus nos quer como criaturas dependentes dele, pessoas, que não vejam diferenças entre si e não tenham mais nada em que se gloriar, a não ser nele.

 “Voz do que clama no deserto: preparem o caminho para o Senhor, façam veredas retas para ele. Todo vale será aterrado e todas as montanhas e colinas, niveladas. As estradas tortuosas serão endireitadas e os caminhos acidentados aplanados. E toda a humanidade verá a salvação de Deus.”Lc 3.4-6

Jesus veio para trazer  a igualdade de condições à humanidade. A fim de que, o que é altivo, e o que é rebaixado fiquem nivelados. Pois independente do nível sócio-econômico e intelectual de cada um, independente da imagem que cada um tenha de si, diante de Deus somos todos iguais, e, é de sua vontade que reconheçamos isso, por bem ou por mal.

Deus não trabalha em cima de obra mal construída, Ele primeiro põe tudo ao chão para depois construir uma linda habitação. Porque Deus não habita em barracos e nem em puxadinhos espirituais.

 
Jesus espera ver em nós a prática da humildade através de seu exemplo.

Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou (se rebaixou), tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz. Fl 2.5-8

Você pode não concordar, mas a humilhação é o remédio amargo que nos faz muito bem. Outra coisa que você precisa saber: humilhação não é só ter a atenção chamada em público - por exemplo - essa dorzinha que você está sentindo nas costas, é uma humilhação. Olhar os pássaros voando sem poder sair do chão é uma humilhação; dar um mergulho no rio e ter que levantar a cabeça para respirar é uma humilhação. Olhar no espelho e ver o que você vê todo dia é uma humilhação... Até mesmo para mim (risos)!

Deus nós fez para a máxima perfeição, nós jogamos tudo fora e estamos aqui somente pela misericórdia.

Jesus quando assumiu a nossa condição humana estava submetendo-se a mais profunda humilhação, ou você pensa que sua humilhação começou no calvário. Quem somos nós, estamos cheios de espinhos na carne, precisamos a todo tempo descer a casa do oleiro (Jr 18. 1-10). Descer a casa do oleiro é o que Ele espera de você e de todos nós.

Só Jesus traz exaltação... Após aprendermos a bênção da humilhação.

Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que Ele em tempo oportuno, vos exalte. 1Pd 5.6.

Existem palavras na Bíblia, que nós deixam cheios de dedos para tratá-las. Sabem por quê? Porque somos muito influenciados pelos conceitos de valores do mundo. Na época de Paulo, o paganismo não tinha qualquer palavra para significar a graça e a beleza da humildade. Os termos correspondentes queriam dizer fraqueza e baixeza da alma. O cristão não pode se deixar levar por esses conceitos mundanos para aprender a ter paz nas tribulações da vida na esperança que o Senhor lhe eleve. Não só depois da morte, não só materialmente falando. Mas principalmente nós resgatando ao seu projeto original, para transformar nosso corpo de humilhação para ser conforme o corpo de sua glória.

Sabem o que é uma vida exaltada por Deus? Não vejo na Bíblia outra definição mais completa e bela do que a do Salmo 1, o meu Salmo preferido:

Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores! Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite. É como árvore plantada a beira de águas correntes: dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz próspera!Sl 1. 1-3

Isso é ser exaltado hoje! Aleluia!

Humilhação não é só o que você pensava hein?... Olha para o espelho. (risos). ...Mas ela é o remédio amargo que nos faz bem, dosada não pelos homens, mas por Deus.

Será que nos sentiríamos tão humilhados se fossemos surpreendidos de posse de algo que não nos pertence? É isso que precisamos aprender! Nesse mundo, de fato não somos donos de nada! Precisamos enxegar isso para darmos legitimidade a nossa própria vida. Jó quando foi avisado sobre a trágica morte de seus filhos, muito se entristeceu. Entretanto, disse algo que nos ensina muito: "saí nú do ventre da minha mãe, e nu partirei. O Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor". Jó 1.21.

Em outras palavras Jó dizia: já nasci humilhado recebi mais do que merecia, e o que recebi aqui não levarei comigo; tudo que tenho ou tinha recebi do Senhor, se hoje perdi, perdi o que não tinha méritos em possuir, bendito seja sempre o nome do Senhor!




O CORAÇÃO DO PASTOR






Aos pastores com carinho!


“Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas de meu pasto!”, diz o Senhor. Portanto, assim diz o Senhor, Deus de Israel, aos pastores que tomam conta de meu povo: “Foram vocês que dispersaram e expulsaram o meu rebanho, e não cuidaram dele. Mas eu vou castigar vocês pelos seus maus procedimentos”, declara o Senhor. “Eu mesmo reunirei os remanescentes do meu rebanho de todas as terras para onde os expulsei e os trarei de volta à sua pastagem, a fim de que cresçam e se multipliquem. Estabelecerei sobre eles pastores que cuidaram deles. E eles não mais terão medo ou pavor, e nenhum deles faltará”, declara o Senhor. Jr 23. 1-4

Podemos dizer que esta profecia, em sua plenitude, faz abordagem ao ministério pastoral (e aqui não estaremos discutindo sobre gênero). A mensagem plena do texto é clara: Por meio de Cristo, Deus está resgatando um povo, antes distante por causa do pecado; está lhes garantindo alimento, crescimento e bons pastores, que cuidaram bem dele ao contrário de outros, que destroem, dispersam, expulsam e não cuidam das ovelhas.



Se juntássemos o maior número de pastores possíveis, de várias denominações e perguntássemos: Vocês fazem parte dos pastores que destroem ou dos que cuidam das ovelhas? Tenho certeza que a resposta unânime seria: - fazemos parte dos que cuidam, ora bolas. Infelizmente, os do tempo de Jeremias também dariam a mesma resposta. Entretanto, não queremos com isso generalizar, queremos apenas dizer o óbvio: Enganoso é o coração humano, a beleza de um coração pastoral vai além das meras afirmações!

 

Não pretendo ater-me a figura do ministro, que deliberadamente é mal-intencionado. Até mesmo porque desses, segundo o texto que citamos, o Senhor cuidará pessoalmente ... Mas eu vou castigar vocês pelos seus maus procedimentos”

 

Porém, quanto aos que estão dispostos a atender ao chamado, a estes, gostaria de trazer a lume e comentar sobre algumas áreas, onde o ministro poderá ver desvirtuado o seu caminho. O que fatalmente o distanciará de um verdadeiro coração pastoral:

 

1- Área vocacional:



Vivemos em uma igreja onde o ministério pastoral é confundido com vários outros ministérios, onde apenas o título pastoral é valorizado e conseqüentemente procurado. O pastor Ariovaldo Ramos diz que um dos problemas da igreja brasileira hoje, é que ela, em sua grande maioria, está sendo pastoreada por evangelistas e outros tipos de líderes, mas não por pastores.



Líderes que na maioria das vezes estão bem-intencionados. Entretanto, não possuem características de cuidado, que são inerentes ao pastor. Ou seja, isso vem muitas vezes a acarretar problemas ainda maiores. Porque sem o senso apurado de cuidado com o rebanho e sob o afã de encherem suas igrejas, tais líderes são facilmente envolvidos por programas e técnicas de mercado que coisificam o indivíduo como o produto final de uma linha de montagem. E por serem mais afeitos aos números, se auto-avaliam pela quantidade e não pela qualidade. Com certeza os que agem dessa maneira, apesar de todo êxito numérico, estariam também na lista negra da profecia de Jeremias. Pois quando Paulo fala a Timóteo sobre as virtudes essências ao bispo, ele não expõe qualidades impessoais como as que seriam comuns a um gestor executivo de mercado, mas sim virtudes nada atraentes para os que esperam um rápido retorno numérico: Que o bispo seja irrepreensível, moderado, sensato, respeitável, hospitaleiro, amável pacífico, não apegado ao dinheiro. Alguém com esse perfil não poderia jamais gerir uma grande multinacional, e muito menos muitas igrejas que vemos por aí. Aquele que tem convicção vocacional sobre o pastorado jamais se deixará levar pela motivações mercadológicas sempre presentes no mundo. Assumir um papel pastoral não o sendo, transformará nossas boas intenções em desculpas “santas” para destruir, dispersar e expulsar as ovelhas para a direção da perversidade da teologia liberal que ao invés de tentar alterar a realidade presente para que se adapte a ideal ( reino de Deus), faz o contrário tenta adaptar a ideal (realidade do reino) à realidade presente, porque é mais fácil.

 

2- Área intelectual:



Neste ponto não pretendo falar muito. Pois a humildade e a submissão às escrituras precisam estar sempre presente. G. K. Chesterton importante filósofo cristão do começo do século XX combatendo a teologia liberal faz uma analogia que diz tudo: “A única coisa criada para a qual não podemos olhar é a única coisa em cuja à luz olhamos para tudo.” “o intelectualismo independente é só brilho de lua; pois é luz sem calor, e é luz secundária, refletida por um mundo morto.” ... "Pois a lua é absolutamente razoável; e a lua é a mãe dos lunáticos; ela deu a todos eles o seu nome."



Tratando até o momento da área devocional e intelectual, nos reportamos ao indivíduo, ao “chamado”, que sob a orientação correta e constante poderá seguir o seu caminho sem maiores problemas.

 

Entretanto, o maior desafio na busca da integridade de um coração pastoral, encontra-se na realidade com a qual lidamos no mundo. Vamos tratar da área contextual.



3- Área contextual:



Ronaldo Lidório em seu livro Liderança e Integridade, nos diz que: os maiores erros não resultam de ações, mas de reações. E basicamente em 3 circunstâncias: diante do pecado, do sofrimento ou das críticas. Esses 3 vetores provocam reações que tendem colocar em xeque a nossa integridade. Pois as ações demonstram planejamento, as reações demonstram valores.



Como cristãos dedicados a uma vida religiosa, estamos preparados para agir da maneira correta, mas isso é insuficiente quando nos defrontamos com as atitudes incorretas do mundo.



Lidório ainda diz que existem duas verdades âncoras para buscarmos um coração íntegro mesmo perante a inconsistência da vida: “A certeza de que o Senhor está no controle do Universo incerto no qual vivemos e a convicção de que ele nos ama.”



De fato reações não podem ser ensaiadas, pois lidam com o imprevisto, com o que não é razoável ou mensurável, muitas vezes até mesmo com o que é injusto. As reações são reflexos instantâneos daquilo que somos feitos, sem retoques ou máscaras diante de um mundo carente de virtudes onde devemos ser instrumentos consagrados.

 

Neste momento, se fizéssemos outra pergunta: - Você tem a certeza de que o Senhor está no controle do Universo incerto no qual vivemos e tem a convicção de que ele o ama?



Todos responderiam: é claro que tenho! Porém, em uma situação de vida onde você necessitasse viver essa verdade, a confirmação não viria de seus lábios, mas sim da sua reação diante do fato.

 

Tom Sine no livro O Lado Oculto da Globalização nos diz que: “à medida que os valores da modernidade forem se tornando globais, nós cristãos de toda parte – e especialmente os nossos jovens – iremos cada vez mais nos envolver numa disputa em que teremos de que escolher entre as aspirações e os valores do Reino e os do mundo.”

 

Também diz: “Infelizmente, muitos evangélicos das igrejas de hoje, por não refletirem sobre a real essência do cristianismo foram forçados a desempenhar o papel de imitadores e adaptadores culturais, em vez de precursores. Em termos bíblicos, é como ser seculares e conformistas, e não decisivamente cristãos.”



Além do cuidado com a própria integridade, essa é a realidade geral das ovelhas que o pastor precisa cuidar.



O hedonismo, o relativismo, o materialismo são realidades presentes não apenas no mundo, mas também nos templos evangélicos. Onde as ações dizem uma coisa, mas as reações comprovam outras.

 

Como alguém já disse: ninguém duvida de que o homem comum possa avançar neste mundo; mas nós não buscamos a força para avançar nele, mas sim para fazê-lo avançar.

 

Creio que quando Jesus ensina o andar mais uma milha, o dar a outra face, Ele está ensinando não apenas o caminho do crescimento aos seus discípulos, mas também ao mundo através do exemplo de alguns especialmente capacitados para tal.

 

Chesterton diz: Que o coração deve estar preso à coisa certa; a partir do momento que temos o coração preso temos liberdade para as mãos.

 

O coração do pastor precisa ser um coração que confia na soberania e no amor do Senhor para que ele faça aquilo que ninguém mais em sã consciência se prontificaria a fazer: cuidar de vidas com total empenho e amor ao ponto que elas sejam capazes de dizer ao mundo: “os homens podem ter vivido sob opressão desde que os peixes vivem nas águas, mesmo assim, eles não deveriam ter passado por isso se a opressão é pecaminosa. (Chesterton)”



No texto bíblico que lemos Jeremias termina dizendo:



...E eles não mais terão medo ou pavor, e nenhum deles faltará”, declara o Senhor.



Quem são eles? Quem são esses destemidos que estão prestes a abalar o mundo?



São os que estão à espera para serem apascentados por servos com certeza vocacional, que não se envaidecem pelo conhecimento, que sabem lidar com a realidade presente sem deturparem a Palavra ou fazerem concessões pecaminosas, e sobretudo, possuem um coração igual ao de seu Mestre Jesus.

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